9 de ago. de 2008

China tem 100 milhões de blogs, mas comércio on-line é fraco


Censurada, monitorada pelo governo e bem mais lenta que no Brasil, a internet chinesa já reúne o maior número de usuários no mundo --253 milhões. Neste ano, o país desbancou os EUA, que tem 223 milhões de internautas. Apesar do gigantismo, o país ainda tem muito a crescer --19% da população tem acesso à internet, pouco comparado aos EUA (71,9%), Japão (68,4%) ou Coréia (71,2%). O número é menor até que o do Brasil (23%).

O comércio on-line ainda é pequeno, devido à escassa confiança do chinês na segurança da rede e ao uso reduzido do cartão de crédito.

Os números são do estatal CNNIC (Centro de Informação de Internet, em português). O órgão do governo estima que serão 412 milhões de usuários em 2020.
AP
Neste ano, China desbancou os EUA em número de usuários de internet; do governo estima que serão 412 milhões de usuários em 2020
China desbancou os EUA em número de usuários de internet; do governo estima que serão 412 milhões de usuários em 2020

"A internet se tornou a maior plataforma para se medir a opinião pública na China. Do governo às grandes empresas, o acompanhamento aos debates na rede se tornou parte do dia-a-dia", disse à Folha Victor Yuan, CEO da Horizon, a consultoria responsável pelas maiores pesquisas de opinião pública realizadas no país.

Mais de 100 milhões de internautas chineses possuem blogs --e 70 milhões deles foram atualizados nos últimos seis meses. "De CEOs de grandes empresas a políticos nas províncias e nas prefeituras, os chineses têm diários constantemente atualizados. Os blogs estão entre as páginas mais lidas", diz Jeremy Goldkorn, do blog Danwei, que analisa a mídia e a internet chinesas.

Consumo desconfiado

A importância política e cultural da rede ainda é bem maior que a econômica. Apenas 25% dos usuários já fizeram alguma compra on-line. O banco pela internet é usado por 23,4%. "Ainda há temor com a segurança, e as pessoas preferem fazer compras ao vivo, vendo as mercadorias", diz Yuan.

Uma pesquisa do CNNIC revela que, nas 15 cidades mais ricas do país, foram gastos 16,2 bilhões de yuans (R$ 4,3 bilhões) em compras on-line no primeiro semestre de 2008.

No país, 68% dos internautas têm menos de 30 anos, e o poder de compra é pequeno. Dos usuários que não são estudantes, apenas 6% tem renda maior do que 5.000 yuans (R$ 1.300) por mês.

O acesso melhorou muito --84,7% dos usuários chineses usam banda larga. Há 84 milhões de computadores pessoais para se acessar a rede e 74% dos usuários já acessam de casa; 39% dos usuários acessam de LAN houses e cibercafés.

A taxa média de conexão à rede no país é de 77 yuans (R$ 20) por mês. O gasto mensal em LAN houses fica em 44,8 yuans (R$ 12).

Made in China

A imensa maioria dos internautas chineses jamais recorre a sites internacionais. Quase todos os principais portais da internet já foram copiados por empresas chinesas, que imitam a idéia, mas adicionam o sabor (e os caracteres idiomáticos) locais.

Tudou e Youku são as versões locais do YouTube no compartilhamento de vídeos. O Taobao e o Dangdang equivalem ao site de leilões e vendas eBay. O Google chinês é o Baidu --o mecanismo tem 60% do mercado de buscas do país, mesmo percentual do Google nos EUA.

Já a rede social Facebook, a de maior sucesso internacional, com cerca de 100 milhões de adeptos espalhados pelo mundo, tem apenas 280 mil usuários na China.

Pequim 2008 e o complexo de inferioridade


Os Jogos Olímpicos são, por excelência, o palco onde a elite desportiva mundial busca a sua afirmação perante as maiores multidões e procura escrever o seu nome na História. No entanto, os Jogos Olímpicos também são — embora muitos não o queiram admitir — um evento político, onde os atletas e nações intervenientes tentam afirmar um qualquer aspecto que lhes é particularmente importante. Rasgos das olimpíadas de 1968 no México lembram-nos Tommie Smith e John Carlos de punho erguido a protestar a discriminação racial nos EUA. Quatro anos mais tarde, nos Jogos de Munique, onze atletas israelitas caíram vitimas da violência palestiniana… Outros exemplos existem, todos os quais indicam que os Jogos Olímpicos têm tanto de desporto como de política.
Seria infantil pensar que as Olimpíadas de 2008 na China seriam diferentes. Embora os líderes chineses insistam que estes Jogos são uma celebração desportiva, existe tanto que nos impede de os olhar dessa maneira. A China está envolvida numa data de assuntos internos que têm limitado a maneira como o mundo considera o regime em vigor. Os exemplos mais gritantes são as reportadas violações de direitos humanos, censura dos canais de comunicação social, corrupção, poluição e abusos dos direitos dos trabalhadores. A nação está também envolvida num número de contendas regionais que a colocam em rota de colisão com o Tibete, Taiwan e Hong Kong. Finalmente, tem também relações diplomáticas com estados de integridade política dubitável, como o Irão, Sudão, Birmânia e Zimbabué. Estas ligações têm levado outras nações a acusar a China de ter um comportamento irresponsável na arena internacional, colocando o seu apetite por petróleo e outras matérias-primas acima dos valões éticos e morais que devem reger o relacionamento entre os povos.
Tudo isto é verdade. A China está longe de ser uma sociedade livre ou um actor responsável da comunidade de nações. Mas, embora todos estes assuntos sejam importantes, não são eles que definem a faceta política das Olimpíadas de Pequim. O que está verdadeiramente em jogo nas arenas chinesas não é a maneira como o governo chinês trata os seus cidadãos ou como a diplomacia do regime irá resolver as contendas que frequentemente a colocam em choque com as demais nações. O que está em jogo é a capacidade da China superar o complexo de inferioridade que define, em larga escala, a psicologia colectiva daquela nação.
Para um ocidental, dizer-se que a China é dominada por um “complexo de inferioridade” é praticamente uma aberração, pois estamos habituados a elogiar (e invejar, até) a capacidade de trabalho chinesa e a ascensão meteórica daquele país ao topo da cadeia económica mundial. Mas para o observador cuidadoso, este complexo está lá, com raízes históricas profundas e reais.
Tudo começa em meados do século XIX, nas Guerras do Ópio, onde a China foi derrotada pelo Reino Unido. Seguiu-se a detenção ilegal de cidadãos chineses a viver nos EUA e a invasão territorial das forças japonesas durante a II Guerra Mundial. A isto juntou-se o desenvolvimento ocidental no período pós-guerra e a explosão tecnológica nipónica durante as décadas de oitenta e noventa. Para o cidadão chinês, estes e outros eventos que aqui não foram referidos estabeleceram um contraste enorme entre a China e o mundo exterior: a China era fraca, os outros fortes; a China era subdesenvolvida, os outros desenvolvidos; a China era retrógrada, os outros modernos; A china era tradicional, os outros inovadores.
Na verdade, o impacto deste antagonismo na consciência colectiva foi tão profundo que inspirou vários movimentos políticos na própria China. Por exemplo, em 1949, quando a Republica Popular da China foi fundada, Mao Tse-tung afirmou que o regime comunista iria garantir que a nação “não seria mais vítima de abusos e humilhação.” O sentimento perdura, e, em 2001, o Congresso Nacional anunciou um Dia de Humilhação Nacional, com o objectivo de recordar as ocasiões na História em que o país tinha sido achincalhado por mãos estrangeiras.
Inspirados por este complexo de inferioridade, os chineses desenvolveram um esforço Herculeano para que os Jogos decorram na máxima perfeição. Desde a imponência arquitectónica do estádio central à nova rede de estradas e aos controles regulares da qualidade do ar, tudo tem sido pensado ao pormenor para que a nação anfitriã brilhe intensamente no maior palco do mundo. O objectivo é claro: organizar as melhores Olimpíadas de todos os tempos. Com os protestantes limitados a duas áreas oficiais de contestação, localizadas longe da azáfama mediática da aldeia olímpica, os chineses viram-se para estes Jogos na esperança que a alquimia das Olimpíadas catalise uma metamorfose na consciência colectiva do seu povo: uma que lhes permita substituir o perdurante complexo de inferioridade por um sentimento de igualdade com o resto do mundo, especialmente o ocidente.
Os Jogos de Pequim são, na sua essência, uma tentativa do povo chinês afirmar a sua posição como nação próspera e capaz no contexto mundial. É a maneira chinesa de dizer: “Nós estamos aqui!”. Tudo está pronto. Tudo está preparado. Mas será o suficiente para os próprios chineses vencerem os seus fantasmas?

Lisa Simpson entre os mais inteligentes da televisão


A publicação norte-americana Entertainment Weekley elegeu 24 nomes para elencarem a lista das personagens mais inteligentes da televisão. Um dos lugares pertence a Lisa Simpson, a boneca amarela que toca saxofone a qual, ao contrário do resto da família criada por Matt Groening, se destaca por ser brihante nas suas cogitações.

Dr.House, o irascível e sarcástico médico da série homónima, interpretado por Hugh Laurie também integra as escolhas, pelo que se lhe reconhece uma enorme validade cognitiva. Não fosse ele capaz de diagnosticar e resolver os mais insólitos e complexos casos que lhe passam pelas mãos no Hospital Universitário de Princeton.

Quem analogamente goza de um estatuto intelectual é o Mr. Spock da saga "O caminho das estrelas". Metade humano, metade alienígena, se depara com um conflito identitário, sentindo-se dividido entre lógicas, emoções e intuições distintas.
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